Vivemos em busca de preencher os pequenos vazios de nossas vidas. Buscando conhecimento quando nos falta virtude ou amores para transcender  nossas carências. Nos afundamos em pequenos vícios para usá-los como curativos para feridas que nunca se cicatrizam. Pequenos atos cometidos para aliviar sentimentos contidos e não deixar que nos sucumbamos ao cansaço. 
É o meu velho hábito de roer unhas ou aquela série que comecei a assistir semana passada. Meu livro de cabeceira e aquele pedaço de chocolate que escondo na porta da geladeira, dentro de um pote de margarina, para o caso de uma crise existencial. Tenho também  um pequeno diário que guardo no fundo do meu guarda-roupas, competindo pelo espaço entre as calças Jeans com um maço de cigarros. Nele eu escrevo o medo que tenho de enfrentar a realidade e o meu receio de tornar meus desejos reais. Rabiscando palavras vãs, me agarrando a elas como se fossem os últimos destroços boiando após um naufrágio.
Enquanto escrevo, bebo um café ou dois, fumo um cigarro ou dois, enquanto se passa uma hora ou duas. 
No fim leio a minha obra com a exata sensação de um artista  admirando seu quadro ou de um ator assistindo a si mesmo. É aquela sensação que todos temos ao olhar nosso reflexo especular por um tempo demasiadamente longo. A sensação que a sua alma deixa de lhe pertencer e que a vida é quase irreal. Nesse momento nos questionamos sobre quem somos e um aperto invade o peito, talvez por não sabermos a resposta ou pela vergonha de estarmos sendo ridículos. 
Estou preenchendo meus vazios com palavras e alimentando as minhas palavras de vazios.

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